quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

O Caso de uma Decisão Injusta da Assembleia


O Caso de uma Decisão Injusta da Assembleia

Se for o caso de uma assembleia tomar uma decisão injusta, existe um recurso. Primeiro, podemos levar a questão em oração diretamente ao Senhor, a Cabeça da Igreja. Ele poderá exercitar a consciência das pessoas naquela localidade até que corrijam aquela ação. Em segundo lugar, o Senhor levantará profetas entre eles localmente ou enviará alguns de outras assembleias para despertar a consciência daquela assembleia a fim de que seja feita a correção (2 Co 2:4; Ap 2:13; 2 Cr 24:19-22; Jd 9:5-21). Em terceiro lugar, se aquela assembleia local se recusar a lidar com seus erros, depois de estes lhe terem sido claramente apontados, ela seria repudiada por meio de uma ação de ligar feita por outra assembleia agindo como representante do corpo como um todo. Eles iriam simplesmente reconhecer o fato de que a assembleia que insistisse no erro não estaria mais congregada no verdadeiro terreno da Igreja de Deus. Neste caso a assembleia local como um todo é tratada assim por ter defendido o mal em seu meio, tornando-se cada um dos que ali participam igualmente responsável pelo erro. Se as coisas chegarem a este ponto, já não se trata de uma questão de apenas alguns indivíduos em seu meio estarem envolvidos com o mal, mas de toda a assembleia local ter se recusado a julgar aquele mal. Esta é a triste, porém necessária, maneira de as escrituras lidarem com uma ação equivocada de uma assembleia, ou então com sua inércia, quando ela fracassa em tomar uma iniciativa para afastar o mal (Dt 13; Jd 21; 2 Sm 20:14-22).
Todavia, a remoção de um candeeiro local é algo que o Senhor não faz de maneira imediata (na tradução de J. N. Darby de Apocalipse 2:5 a palavra “brevemente” é suprimida[1]. É só depois de muitas objeções e oportunidades de arrependimento que o Senhor levantará outra assembleia para, em nome de todas as assembleias, repudiar aquela em particular por causa do mal que causou. Evidentemente, a partir de então a ação errônea “ligada” por aquela assembleia local deixaria de ter eficácia. Nesse ínterim, até que uma assembleia decida agir para a glória de Deus quanto àquele assunto (repudiando a assembleia injusta em questão), devemos nos sujeitar e esperar em Deus. Mencionamos isto para mostrar que existe um recurso contra o abuso de autoridade nas questões administrativas.
Devemos observar que a escritura nunca nos instrui a tentarmos resolver nós mesmos as questões como indivíduos e agir de forma independente, naquilo que parecer ser uma ação errada tomada por uma assembleia. A ação independente de indivíduos em tais questões coletivas é sempre criticada na escritura (Dt 17:12; Nm 15:30-31). Ela tão somente abre as portas para o inimigo. Deus tem a Sua maneira de como tais problemas devem ser tratados, e devemos segui-la para que a ordem seja mantida. Infelizmente é aí que muitos Cristãos erram. Eles pensam que não podem se submeter a algo que acreditam ser injusto e sem fundamento bíblico. Acham que se o fizerem estarão comprometendo a consciência deles. Alguns podem até alegar: “Devo obedecer primeiro ao Senhor, não os irmãos”. Mas quer eles percebam ou não, o que estão de fato dizendo é que são mais santos do que o próprio Senhor. Se Ele pode aguardar a decisão até que seja corrigida a falha, por que não poderíamos? Uma assembleia que comete um erro em suas responsabilidades administrativas ainda possui o Senhor em seu meio até que seja repudiada por não estar mais no verdadeiro terreno da Igreja de Deus. J. N. Darby disse: “Por que falar de obedecer primeiro ao Senhor e depois à igreja? Como fazer isso supondo que o Senhor esteja na igreja? Trata-se meramente de estabelecer um julgamento pessoal em oposição ao julgamento da assembleia reunida ao nome de Cristo conforme a Sua promessa (se não são[2], então nada tenho a dizer para eles); isso nada mais é do que dizer, ‘Eu me considero mais sábio do que os que estão congregados’. Rejeito completamente como sem fundamento bíblico, o dito: ‘Primeiro Cristo e depois a igreja’”[3]. Ele também disse: “Portanto, a questão toda não passa de um mero e pobre argumento enganoso que denuncia o desejo de dar livre expressão à vontade própria, baseado na confiança de que o julgamento feito por uma pessoa é superior a tudo o que já tenha sido julgado”[4].
Satanás frequentemente gosta de trabalhar sob um disfarce de justiça em tais situações. Ele e seus ministros se transformam em “ministros de justiça” (2 Co 11:14-15) a fim de enganarem os incautos ou “desavisados” (Rm 16:18– JND), a fim de levá-los a agir independentemente. Ele fará com que pareça mais correto nos levantarmos em nome da justiça e resolvamos nós mesmos a situação, porém se fizermos assim não poderemos contar com a bênção de Deus. Uma ação independente não é a solução; não é coerente com o guardar “a unidade do Espírito”. Como já dissemos, se acharmos que uma assembleia cometeu um erro, podemos levar o caso à Cabeça da Igreja. Ele escuta, entende e cuida disso muito melhor do que nós mesmos poderíamos fazer. E se tivermos fé de que Ele irá corrigir a situação da maneira que achar necessário, podemos deixar tudo aos Seus cuidados. Mas se não tivermos essa confiança n’Ele, e não pudermos confiar que Ele esteja cuidando disso, acabaremos nos achando tentando resolver tudo com as nossas próprias forças, o que nada mais é do que agir na energia da carne.


[1] N. do T.: Nas versões ARA e TB também é suprimida a palavra “brevemente”.

[2] N. do A.: Ou seja, uma assembleia reunida ao nome de Cristo.

[3] N. do A.: “Letters of J. N. Darby”, vol. 1, pág. 419.

[4] N. do A.: “Letters of J. N. Darby”, vol. 1. págs. 421-422.

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