quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A Assembleia Não é uma Democracia


A Assembleia Não é uma Democracia

Democracia é a forma de governo na qual o povo governa por voto majoritário. A assembleia, porém, não é uma instituição democrática, que chegue às decisões pelo levantar de mãos da maioria, tendo cada pessoa igual direito de opinar sobre o assunto. Uma vez ouvimos um irmão jovem, mundano e ignorante na Palavra dizer: “Eu tenho tanto direito de opinar aqui quanto ele!” (e apontou para um irmão idoso, sério e piedoso, que vinha se empenhando no cuidado da assembleia durante 50 anos). De fato, pode haver um caso em que 6 ou 7 irmãos mais novos queiram fazer uma coisa em particular, mas 4 ou 5 irmãos sérios mais velhos sintam de outra forma. Já que o julgamento dos mais velhos deve ser respeitado por causa do peso moral que eles têm na assembleia, os irmãos mais jovens devem se sujeitar ao julgamento que esses irmãos farão da questão. Eles devem ser gratos por poderem seguir a direção espiritual apontada por seus irmãos mais velhos.
Todavia, não estamos querendo dizer que alguns dos irmãos mais velhos possam forçar uma assembleia a tomar uma decisão com a qual ela não concorde, pois agir assim seria fazer como fazia Diótrefes (3 Jo 9-10). Quando se trata de “ligar” e “desligar”, isto não é feito à revelia da assembleia, e é possível que irmãos mais jovens venham a ter a mente do Senhor a respeito de um determinado assunto, enxergando coisas que os irmãos mais velhos possam ter deixado escapar (Jó 33). Em uma situação assim, os irmãos mais velhos devem acatar alegremente o fato de alguém lançar mais luz sobre uma questão que eles não tenham percebido. Mas na vida normal da assembleia, são os irmãos mais velhos, experientes e piedosos que possuem o peso moral exigido para as questões envolvendo a assembleia. Esta é a ordem de Deus.
Alguns parecem pensar que “atingir a consciência de todos” signifique “obter o consenso de todos” – algo como pedir a opinião de todos. Todavia, não é assim que a assembleia deve chegar a uma decisão nas questões administrativas. Os anciãos não apresentam a questão para a assembleia obter a opinião dela, mas para fornecer os fatos relacionados à questão e a apresentar o curso Escritural de ações a serem tomadas e para que a consciência de todos possam estar envolvidas. A assembleia não deve ser guiada pelas opiniões de pessoas sinceras, mas pela Palavra de Deus. Devemos nos lembrar do caso do rei Davi, que procurou saber a opinião do povo e não do Senhor, quando precisou decidir o curso de ações que deveria tomar para trazer a arca de Deus a Jerusalém. Ele foi tristemente mal orientado (1 Cr 13:1-4). Sermos guiados pelos sentimentos e percepções humanas não é a maneira correta na hora de decidir como a assembleia deve agir em uma determinada situação.
Costuma-se perguntar: “Quem decide pela assembleia?”. Nossa resposta é: “O Senhor”. Ele é a Cabeça da Igreja, e esta deve obter a direção que vem d’Ele (Cl 2:18). A assembleia deve buscar n’Ele a direção, e Ele mostrará qual deve ser por meio dos princípios da Palavra de Deus. Nas decisões da assembleia devemos procurar conquistar ou atingir a consciência de todos na assembleia local, a fim de que todos possam ser exercitados naquela questão, mas a assembleia não pode seguir a consciência de alguns. Isto porque podem ser pessoas novas na fé e a consciência delas pode não estar suficientemente iluminada pelos princípios bíblicos para ser capaz de fazer um juízo adequado; ou podem ser pessoas mundanas e sem discernimento espiritual; ou podem ser pessoas tendenciosas em relação àquela questão em particular. Em qualquer destas situações o julgamento delas não deve ser levado em conta.
Ocasionalmente ações precisam ser tomadas pela assembleia quando alguns irmãos não estão na reunião local de cuidados ou na reunião de assembleia onde a decisão foi tomada, e isto tem levado alguns a pensarem que uma decisão assim não seja genuína e sancionada no céu. Eles retrucam: “Mas os irmãos não estavam todos lá para decidir!” Mais uma vez, isso é uma ideia democrática. Não é algo incomum na Escritura uma assembleia agir dentro de sua capacidade administrativa sem a presença de todos. Vemos este princípio em 1 Coríntios 15:5 conectado ao ofício do apostolado. Ali diz: “E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze”. Quando comparamos isto com Lucas 24:34-48 e João 20:19-24 descobrimos que havia apenas dez apóstolos presentes quando o Senhor apareceu a eles, todavia eles são chamados de “os doze”! Judas tinha se enforcado e Tomé não estava ali. De acordo com Atos 1, Matias ainda não tinha sido escolhido. Sua eleição não ocorreu até depois de o Senhor ter completado Suas aparições como ressuscitado (durante 40 dias) e subido ao céu. Fica, portanto, claro que Matias ainda não fazia parte dos “doze”. Mesmo assim, aqueles dez reunidos são chamados de “os doze”. Por que a Escritura usaria este termo desta maneira? Porque ela não está designando necessariamente um número específico de pessoas reunidas (pois o Cristianismo nunca está ocupado com números literais – veja Atos 1:15, 2:41, 4:4, 19:7 – “quase”, “uns”), mas está falando do ofício administrativo que eles cumpriam e da autoridade que tinham para agir assim. Nas epístolas aos Coríntios, onde são descritas a função e a ordem na assembleia, é coerente que seja assim. (Digno de nota é que as aparições do Senhor às mulheres não sejam citadas em 1 Coríntios 15, pois a administração da assembleia é confiada aos irmãos responsáveis). A assembleia, atuando em sua capacidade administrativa, não precisa de todos os presentes antes que suas ações sejam ligadas.

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