Capítulo 5 – Existe Mais de Um Testemunho Divinamente Reconhecido da
Verdade do “Um Só Corpo?”
Já que o desejo de Deus
é reunir os Seus santos na Terra como se fossem um ao Nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, sobre o fundamento do “um só corpo”, surge a
questão: Será que Deus tem mais de um testemunho da verdade do um só corpo? À
luz do que temos apresentado nos capítulos anteriores a partir da Escritura não
cremos que o Espírito de Deus esteja reunindo Cristãos em diversas comunhões
(federações de reuniões) para expressar tal verdade, sem que esses grupos
estejam em comunhão uns com os outros. Como já foi mencionado no capítulo
anterior, se o Espírito de Deus estivesse fazendo assim Ele seria o Autor das
divisões no testemunho Cristão, as quais desonram a Cristo. Não poderia ser
assim, pois seria uma contradição à própria verdade que Ele procura apresentar
para que os Cristãos andem nela. Cristo não poderia ter um só corpo de fato e
muitos corpos no testemunho prático. Portanto, estamos bem certos de que só
poderia existir um testemunho divinamente reconhecido da verdade do um só
corpo.
Para ver a
inconsistência de supor que o Espírito de Deus levaria a mais de um centro de
reunião, a ilustração a seguir, que alguém uma vez deu, é útil. “Se pudéssemos
voltar ao princípio – ao dia de Pentecostes – quando o Espírito de Deus desceu
e uniu aquelas 120 pessoas em um só corpo, e todas estavam reunidas ao Nome do
Senhor Jesus Cristo, suponha que Pedro tivesse um desentendimento com João e
eles decidissem que iriam estabelecer comunhões separadas. A partir daí
existiria uma comunhão seguindo a Pedro e outra a João. Será que poderíamos
dizer que o Espírito iria guiar alguns a uma comunhão e outros à outra? Será
que o Senhor aprovaria as duas igualmente? Não cremos que Ele iria sancionar as
duas comunhões com Sua presença no meio deles, pois agindo assim Ele estaria
aprovando a divisão prática na Igreja. Se o fizesse, Ele seria Autor de
confusão.”[1] Na
verdade, os homens podem até criar mais de uma expressão desta verdade ao
estabelecerem uma mesa em um espírito de divisão, mas não acreditamos que o
Espírito de Deus irá guiar os Cristãos a agirem assim. “Está Cristo
dividido?” (1 Co 1:13).
Cremos, portanto, que
as Escrituras ensinam que só poderia existir uma expressão divinamente
reconhecida da verdade do um só corpo sobre a Terra estabelecida pelo Senhor, e
não pelos homens. Se surgissem seitas ou heresias (facções independentes na
comunhão), estas seriam decorrentes da vontade da carne (Gl 5:20) e não da de
Deus. No princípio todos os santos estavam juntos. Se a profissão Cristã está
agora toda dividida em inúmeras seitas, isto é obra de homens que, por
ignorância ou vontade própria, formam esses grupos independentes.
Paulo mostrou aos
Coríntios como essas coisas tinham início. Elas geralmente começam com
diferenças de opinião e julgamento. “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de
nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja
entre vós dissensões [divisões
– JND] (cismas); antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo
parecer [uma mesma opinião – JND]” (1 Co 1:10).
Essas diferenças de opinião levariam a disputas ou “contendas”. “Porque
a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que
há contendas entre vós” (1 Co 1:11). A partir daí, se as contendas
não fossem julgadas, elas levariam às “divisões” ou “cismas” (no
grego as palavras são as mesmas) entre os santos. “Quero dizer com isto, que
cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de
Cristo. Está Cristo dividido?” (1 Co 1:12-13). Essas divisões ou cismas são
facções internas entre os santos congregados.
Porém, ainda mais sério
do que isto é o que Paulo revela que resultaria das divisões internas entre o
povo do Senhor. Se essas coisas não fossem julgadas elas levariam a “heresias”
ou “seitas”. “Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja,
há entre vós dissensões (divisões
ou cismas); e em parte o creio. E até importa que haja entre vós heresias [seitas
– JND], para que os que são sinceros se manifestem entre vós” (1
Co 11:18-19). Uma “seita” ou “heresia” (trata-se da mesma palavra em grego) é
uma divisão externa entre os santos, quando um partido se separa e passa a
congregar de forma independente. O que começa como uma diferença de opinião,
leva à contenda e acaba produzindo um cisma ou divisão interna entre os santos,
a qual, se não for julgada, levará a uma heresia ou seita – uma divisão visível
entre os santos.
[1] N.
do A.: “Can Christians be Gathered in Only One Place?” – Notes of Ottawa General Meetings – abr 1987 – págs.
11-12.
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