“Juntos”
Então o Senhor disse: “juntos”
(JND). Como dissemos
anteriormente, o Senhor não queria que Seu povo fosse apenas “reunido” para
onde Ele estava no meio, mas para que fossem “colocados juntos”[1].
Isto nos remete à comunhão universal (abrangendo o mundo todo) dos santos.
Todos aqueles que o Espírito de Deus venha a reunir ao Nome do Senhor, onde
quer que estejam, devem estar juntos. Como já foi mostrado no capítulo 1, isto
não significa que eles devem estar todos reunidos juntos em um mesmo ponto
geográfico (como era o caso de Jerusalém no judaísmo), mas que devem agir
juntos nas diferentes localidades onde o Espírito os colocou, de modo a darem
uma expressão universal ao fato de que eles são um. Isto aponta para a verdade
do um só corpo na prática e demonstra que o desejo do Senhor para a assembleia
desde o seu princípio era que existisse apenas uma comunhão universal dos
santos.
Esta grande verdade do “um
só corpo” na prática tem sido também atacada. Aqueles que acreditam na
autonomia das assembleias (Irmãos Abertos) nos dirão que se tentarmos praticar
a verdade do um só corpo precisaremos necessariamente caminhar em comunhão com
cada membro do corpo, independentemente de seus erros (moral, doutrinário ou
eclesiástico), o que por sua vez significaria que teríamos de comprometer a
santidade. Aqueles que pensam assim evidentemente não entendem o modo de Deus
agir em um testemunho remanescente, quando a profissão pública do Cristianismo
está arruinada. Caminhar em comunhão com toda a corrupção existente na casa não
é o que significa guardar “a unidade do Espírito”. O Espírito de Deus é
uma Pessoa divina, e guardar a unidade que Ele formou envolve estar em comunhão
com essa divina Pessoa. Andar em comunhão com o Espírito significa andar em
santidade e verdade, pois Ele é chamado de “Espírito de santidade” e “Espírito
de verdade” (Rm 1:4 – ARA; Jo 14:17, 15:26, 16:13). Isto necessariamente
significa que devemos andar em separação de tudo o que for inconsistente com
Sua santa Pessoa, conforme já vimos em 2 Timóteo 2:19-22.
Essas mesmas pessoas
nos dirão que os capítulos 2 e 3 de Apocalipse demonstram que cada assembleia
deve funcionar de forma autônoma, pois o Senhor Se dirigiu a cada assembleia
individualmente, considerando cada uma delas individualmente responsável.
Embora isto seja verdade, é preciso lembrar que cada carta termina com o Senhor
dizendo: “O que o Espírito diz às igrejas” (plural), pois
apesar de cada carta ser endereçada a cada assembleia local individualmente,
elas levam em consideração todas as assembleias. Cada assembleia é
primeiramente responsável pelo que ocorre em seu meio, mas a responsabilidade
não termina aí. A verdade completa acerca deste assunto é que a
responsabilidade não acaba na assembleia local. Existe uma responsabilidade
coletiva ou corporativa. Quando as coisas não são tratadas em uma assembleia
local, as outras assembleias têm a responsabilidade de tratar com aquela
assembleia.
Este princípio você
encontra tipificado no capítulo 13 de Deuteronômio. Quando havia pecado em uma
determinada cidade de Israel, as outras tinham a responsabilidade de tratar com
aquela cidade por ela ter deixado o pecado seguir seu curso sem ser julgado.
Isto não significa que irmãos de fora devem se envolver nas questões de outra
assembleia, mas se uma assembleia não julga o mal existente em seu meio, após
terem sido feitas várias e pacientes objeções pelos irmãos como um todo, uma outra
assembleia (geralmente aquela que estiver circunstancialmente mais próxima – Dt
21) pode ser obrigada a se pronunciar e, representando o corpo como um todo,
repudiar a assembleia que está em pecado como se fosse uma casa contaminada
pela lepra (Lv 14). Trata-se de uma decisão tomada em Nome do Senhor e,
portanto, à qual todas as assembleias que estão no terreno bíblico da Igreja
deverão se submeter.
[1] N. do T.: A versão em inglês de JND de Mt 18:20: “For
where two or three are gathered together unto My name, there am I in the
midst of them.”, traduzido ao português é: “Pois onde dois ou três são colocados
juntos para Meu nome, aí estou Eu no meio deles”.
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