A Formação de Novas Assembleias
No caso de novos
convertidos e da formação de novas assembleias sobre este único terreno de
comunhão, vemos que quando o Espírito de Deus começava uma obra em algumas
pessoas, Ele tinha o cuidado de ligar essas pessoas juntamente à outras no
mesmo terreno, de modo que a “unidade do Espírito” pudesse ser mantida.
Dos santos em Tessalônica é dito: “Porque vós, irmãos, haveis sido feitos
imitadores das igrejas de Deus que na Judeia estão em Jesus Cristo” (1 Ts
2:14). Isto não significa que as assembleias na Judeia fossem mais importantes
e que as outras deviam segui-las. Trata-se simplesmente do fato de que o
Espírito havia iniciado na Judeia a Sua obra de reunir almas ao Nome do Senhor
Jesus, e à medida que outros eram salvos, eram ligados em uma comunhão prática
àquilo que o Espírito de Deus já tinha começado.
No livro de Atos vemos
as diversas assembleias locais caminhando juntas na prática, de modo a
expressarem a verdade de que eram um só corpo. Isto pode ser visto em Atos
8:4-24. Muitos em Samaria vieram a crer no Senhor Jesus por intermédio da
pregação de Filipe, todavia o Espírito de Deus não os considerou como estando
no terreno da assembleia até que tivessem recebido o Espírito e entrado numa
comunhão prática com aqueles que o Espírito já tinha congregado ao Nome do
Senhor Jesus em Jerusalém. Procurando guardar “a unidade do Espírito”,
dois representantes desceram de Jerusalém e impuseram suas mãos sobre aqueles
em Samaria (uma expressão de comunhão prática – Gl 2:9), por meio do que o
Espírito de Deus Se identificou com eles. C. H. Brown disse; “Deus não permite
que os samaritanos tenham um reconhecimento oficial como pertencentes à Igreja
(assembleia) até que o recebessem destes emissários que desceram de Jerusalém”[1]. Grande
cuidado era tomado pelo Espírito de Deus em ligar esses crentes juntamente com
aqueles em Jerusalém, de modo que na Terra existisse uma só expressão prática
do “um só corpo”, muito embora naquele momento esta verdade ainda não
tivesse sido revelada.
Quando o apóstolo Paulo
se encontrou com um grupo de crentes em Éfeso que desconheciam outros com os
quais Deus já havia trabalhado, ele percebeu que o Espírito de Deus ainda não
os considerava como estando no terreno divino da assembleia (At 19:1-6). Eles
não foram reconhecidos como estando no terreno do “um só corpo” até que
tivessem o Espírito e tivessem uma comunhão prática (pela imposição de mãos)
com aqueles que o Espírito já havia reunido. Em referência a este grupo de
crentes C. H. Brown também disse: “Eles necessitavam algo mais. Eles precisavam
ser introduzidos na mesma unidade já existente. Eles não podiam ser reconhecidos
como ocupando um terreno diferente do restante deles. Paulo não poderia dizer:
‘Pessoal, vocês não estão no mesmo terreno que o pessoal em Antioquia, ou Jerusalém, mas vocês têm muita verdade e eu simplesmente continuarei com vocês’. Ah,
não, Paulo quer certificar-se de que eles sejam trazidos para o mesmo terreno
que os outros ocupavam. Eles foram introduzidos na mesma coisa que tinha sido
formada antes mesmo que tivessem ouvido falar dela.”[2]
Mais uma vez vemos o cuidado e a sabedoria de Deus mantendo “a unidade do
Espírito” para que viesse a existir uma só expressão prática da verdade do “um
só corpo”.[3]
Isto é ilustrado em
figura em Esdras 7-10. Deus havia começado uma nova obra ao trazer Seu povo de
volta da Babilônia para o centro divinamente designado naquela época que era
Jerusalém (1 Rs 11:32, 14:21). Cerca de 42.000 pessoas retornaram sob o comando
de Zorobabel e Jesua (Ed 1-3). Aproximadamente 68 anos mais tarde outros foram
igualmente despertados para que retornassem a Jerusalém (Ed 7-8). Quando
retornaram, descobriram que Deus tinha estado trabalhando de maneira semelhante
com outros muito tempo antes de eles terem sido exercitados a respeito dessas
coisas. Eles não encontraram ali um grupo perfeito de judeus (Ed 9), mas sabiam
que aquele era o único lugar correto para o povo escolhido por Deus adorar.
Portanto eles se identificaram com o testemunho já existente em Jerusalém. Não
havia qualquer pensamento de se estabelecer outro centro de reunião separado
daquele que já existia ali, pois não era da vontade de Deus que existissem dois
grupos independentes de judeus em Jerusalém.
É digno de nota que os
crentes em Samaria (At 8), Antioquia (At 11) e Éfeso (At 19) não foram chamados
de “assembleia” (ou “igreja”) até depois de estarem todos ligados
“juntamente” em uma comunhão prática com os apóstolos e com os irmãos já
congregados sobre o terreno da assembleia. Antes disso eles eram mencionados
meramente como crentes ou discípulos que estavam em uma determinada localidade.
Depois de terem sido introduzidos na comunhão com os apóstolos e com os irmãos
sobre o terreno da assembleia é que os encontramos sendo chamados de “a
assembleia” ou “igreja” em tal e tal lugar (At 9:31, 11:26, 20:17).
Além disso, onde quer
que as Escrituras falem da igreja em um determinado lugar (cidade ou vila),
elas nunca falam de igrejas (no plural) em tal e tal lugar, mas simplesmente de
“a igreja (singular) de Deus que está em Corinto”, por exemplo.
Mesmo que existissem várias reuniões em uma determinada cidade, como em
Corinto, elas eram sempre mencionadas como sendo uma assembleia (1 Co 1:2
etc.). Isto porque a igreja em qualquer localidade deve ser visivelmente uma em
testemunho. A Escritura, porém, fala de “igrejas” quando se refere a
províncias, pois uma província é formada por muitas cidades ou localidades (Gl
1:2, 22; Ap 1:11).
[1] N. do A.: C. H. Brown, “The
Ground of Gathering”, pág. 10
[2] N. do A.: C. H. Brown, “The Ground of
Gathering”, pág. 13,14.
[3] N. do A.: É
verdade que nos dois exemplos citados no livro de Atos as pessoas ainda não
tinham o Espírito, portanto evidentemente ainda não estavam sobre um fundamento
Cristão. Mas como mostra C. H. Brown, estas passagens nos ensinam um importante
princípio do modo como Deus age no sentido de manter uma expressão prática da
verdade do “um só corpo”. Por meio desses incidentes somos ensinados
pelo Espírito quais são os pensamentos de Deus acerca da “unidade do Espírito”.
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