terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Dissociar-se “Destes” e Associar-se “Com Aqueles”


Dissociar-se “Destes” e Associar-se “Com Aqueles”

O crente tem diante de si um duplo exercício: primeiro, se dissociar, depois se associar. Isto é indicado pelas palavras “destes” (v. 21 – JND) e “com aqueles” (v. 22 – JND). O crente deve se separar dos vasos que estão todos misturados na casa, e seguir “com aqueles que invocam o Senhor de um coração puro” (JND) Esta ordem é consistente ao longo de toda a Escritura (Is 1:16-17; Rm 12:9, 13:12; Sl 34:14; 3 Jo 11). Os estudiosos nos falam que o termo “destes” no grego está em genitivo plural, o que significa que sua aplicação é ampla e poderia incluir tanto pessoas, quanto princípios e coisas. Ou seja, toda a mistura de coisas existentes na casa – todos os vasos na mistura, bons e ruins, verdadeiros e falsos. Isto significa que o crente fiel deve se dissociar de tudo aquilo que é contrário à verdade de Deus; de tudo o que negue aquilo que é a verdadeira Igreja sob Cristo, a Cabeça, e de tudo o que negue ao Espírito Santo o Seu verdadeiro lugar como Guia. Ao fazer isso, o crente se torna um “santificado” vaso “para honra”.
O que esta passagem está ensinando é que o crente fiel não deve se satisfazer em apenas andar individualmente reto diante de Deus, mas deve também se separar de qualquer associação com o estado mesclado de coisas corrompidas (pessoas, doutrinas e práticas) existente na casa. Isto significa que ele terá que se separar de alguns verdadeiros crentes que não estão preocupados sobre a associação deles com o erro e a confusão. Somos chamados a nos separar da desordem existente na casa, portanto se outros crentes verdadeiros estão contentes em seguir adiante em comunhão com a confusão, não nos resta escolha senão nos separar também deles. Isto é doloroso e um verdadeiro teste para revelar o quão decididos estamos em agir sobre os princípios da Escritura. Já que estaremos nos separando de crentes verdadeiros, deveríamos sentir isso profundamente. Por sermos irmãos, existe um vínculo de amor entre os membros do corpo. Todavia, o chamado do Senhor tem precedência sobre o amor por nossos irmãos. Na verdade, a prova de nosso amor para com nossos irmãos é vista em nossa obediência a Deus. “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os Seus mandamentos” (1 Jo 5:2). Mesmo assim, devemos nos manter atentos contra qualquer atitude que nos leve a pensar que somos mais espirituais do que aqueles de quem nos separamos. A atitude correta, ao nos purificarmos[1] da mistura de vasos existente na casa, inclui o julgamento próprio, e não a justiça própria.
Quando o crente fizer isso, então o Senhor o guiará à comunhão “com aqueles”, onde ele poderá praticar toda a verdade de Deus (como a verdade do um só corpo) – embora isso seja em um remanescente. Observe também que o exercício de se dissociar é adotado primeiro pelo crente. O caminho de se associar “com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” não será encontrado até que tenhamos agido com a luz que temos ao nos separarmos do que sabemos que é errado e inconsistente com as Escrituras. Só então é que o Senhor nos dará mais luz e nos guiará no caminho.
Seguir “com os que” nos sugere que sair para o isolamento não é a solução para a ruína existente na casa de Deus. Algumas pessoas ficam frustradas quando veem a total ruína da Igreja e acabam se resignando a seguirem adiante sozinhas. Mas a separação não deveria nos levar ao isolamento. Devemos sempre nos lembrar da exortação que diz: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns” (Hb 10:25). Repare também que a passagem não diz para seguirmos “os que”, pois isto significaria meramente seguirmos homens. Ela diz para seguirmos com os que”, o que implica que eles próprios já estão seguindo e devemos nos unir “com aqueles” para seguir o Senhor e os princípios da Sua Palavra. Se uma pessoa é verdadeiramente exercitada, cremos que o Senhor irá dirigi-la na senda. O versículo 22 mostra que o Senhor irá prover alguns com os quais possamos caminhar na prática da verdade. Não será possível fazê-lo com todos os membros do corpo, mas sim em um testemunho remanescente.


[1] N. do T.: Willian (Bill) Warr, comentando sobre 2 Timóteo 2:20 disse: “Por que diz aqui ‘purificar’? Por que não diz ‘separar’? Separar não é necessariamente purificar. Purificar é separação com arrependimento. Separação pode ser de uma seita, onde eu diria: ‘está bom aqui, mas há algo melhor lá’. Separando-me de algo bom para algo melhor não é purificar. Outra vez: para nós, purificar-nos é separação com arrependimento.” (Conferências bíblicas em Limeira – jul/2001).  

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