UM SÓ CORPO na Prática - A Obra do Espírito em Reunir Cristãos ao Nome do Senhor Jesus (Trad. 2020)
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sábado, 18 de janeiro de 2020
sexta-feira, 3 de janeiro de 2020
Todos os Cristãos Finalmente Serão Reunidos
Todos os Cristãos Finalmente Serão Reunidos
Há um dia maravilhoso chegando
quando todos os santos de Deus estarão congregados a Cristo em Sua vinda
(2 Ts 2:1). Aguardamos aquele dia com feliz expectativa! Enquanto esse dia não
vem, estejamos confiantes de que o Senhor irá manter o Seu testemunho
remanescente da verdade do “um só corpo”.
Nossa Responsabilidade para com os que Abandonaram o Divino Centro de Reunião
Nossa Responsabilidade para com os que Abandonaram o Divino Centro de
Reunião
O que costuma ser mais
perigoso do que “forçar” pessoas a entrarem na assembleia local é sair atrás
daqueles que abandonaram a assembleia. Ao considerarmos este assunto do
Espírito reunindo, precisamos entender que espalhar é uma obra de Deus tanto
quanto reunir (Gn 3:23-24, 11:8-9; 1 Rs 12:24; 2 Rs 17:20-23, 24:1-4; Jr
15:1, 4, 31:10; Ez 36:19, 24; Mt 23:37; Jo 10:12, 16; Ef 1:10). Às vezes o
Senhor peneira o Seu povo. Ele os prova e às vezes permite que sejam espalhados.
Satanás é o grande divisor e dispersor, e o Senhor, pelo Espírito, é o grande Reunidor.
Todavia, o Senhor, em caráter de disciplina governamental de Seu povo, pode
permitir que Satanás tenha acesso aos santos e faça seu trabalho de dispersar.
No passado o Senhor
peneirou os filhos de Israel no deserto (Dt 2:14; 1 Co 10:5). Ele também os
peneirou na Terra (1 Rs 12:24; 2 Rs 17:20-23, 24:1-4), e no futuro, quando
restaurar Israel, Ele irá peneirá-los uma vez mais (Am 9:9; Ez 20:33-38). Isto
Deus faz em Seus caminhos com o Seu povo, e com o testemunho Cristão não
é diferente (1 Co 10:11-13).
Se alguém que abandonou
a assembleia não dá sinais de arrependimento, fazemos bem em deixar essa pessoa
com o Senhor até que exista tal evidência. Certamente não estamos querendo
dizer com isso que o Senhor está tentando reunir aqueles que saíram em uma
divisão! Neste caso Deus está claramente espalhando, apesar de serem Sua propriedade.
Tentar atrair pessoas assim de volta à assembleia porque “o lugar delas é ali”,
sem levar isto em consideração, pode parecer uma atitude amorosa e bem
intencionada, mas geralmente acaba criando problemas. Somos avisados da
tentativa de Joabe de levar Absalão de volta ao reino antes de existir qualquer
mudança nele. Aquilo acarretou uma séria conspiração e muitos tombaram na
batalha que resultou disso (2 Sm 14-18). No final vemos que foi Joabe quem
matou Absalão. O mesmo que tentou levá-lo de volta acabou por destruí-lo! A
lição aqui é que se buscássemos por alguém para trazê-lo de volta antes
de existir uma mudança na pessoa, certamente não estaríamos fazendo bem a ela.
Além de ameaçar o bem-estar da assembleia, isso pode acabar destruindo a pessoa
no que diz respeito àquela verdade.
É certo que Deus
gostaria que nos preocupássemos com aqueles que esfriaram ou se afastaram da
assembleia. A Palavra de Deus diz: “Irmãos, se algum homem chegar a ser
surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com
espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado”
(Gl 6:1). O Senhor reclama com os pastores que não vão atrás do rebanho
desgarrado (Ez 34:4). Abraão buscou Ló quando este foi levado por um inimigo
enquanto morava em Sodoma – um tipo do mundo em sua corrupção (Gn 14). O caso
do ataque a Ziclague em 1 Samuel 30:8 é outro exemplo. Davi consultou o Senhor
se deveria sair em busca daqueles que tinham sido levados pelos Amalequitas (uma
figura da carne). O Senhor lhe disse que fosse atrás deles, e ao fazer isso foi
bem sucedido. Davi recuperou a todos. Veja também Tiago 5:19-20.
Muitas outras passagens
das Escrituras poderiam ser mencionadas para demonstrar que definitivamente
temos a responsabilidade para com os que abandonam. Mas depois de repetidos
chamados e visitas, chega um momento em que precisamos parar e perguntar: “Será
que esta pessoa está em condições de ser reunida, ou tudo não passa apenas de
meus próprios esforços?”. Se Deus não estiver diretamente trabalhando com
alguém neste sentido, estaríamos trabalhando contra Ele, ou ao menos nos
precipitando em fazer Sua obra nessa pessoa. Nossa contínua inconveniência para
com as pessoas que talvez não tenham a fé ou convicção para andarem nesta senda
pode não passar de uma obra da carne. Chega um momento quando devemos deixá-las
com o Senhor até que Sua obra seja evidente nelas. É preciso estar em comunhão
com o Senhor para saber quando devemos buscar alguém que abandonou a
assembleia. Alguns podem não passar de causadores de problemas (Pv 6:19), e
precisamos ter cuidado para não trazer pessoas assim para o convívio com os
santos. Se por um lado podemos ser obrigados a deixar certas pessoas com o
Senhor durante algum tempo, por outro jamais deveríamos deixar de orar por elas
(1 Sm 12:23).
Nossa Responsabilidade para com Aqueles que Não Estão Congregados
Nossa Responsabilidade para com Aqueles que Não Estão Congregados
Alguém poderá
perguntar: Qual é nossa responsabilidade para com aqueles que não estão
congregados? Será que não deveríamos dizer algo a eles sobre a verdade da
assembleia? Nossa resposta é sim. Toda a verdade é para toda a Igreja,
tanto para aqueles congregados ao Nome do Senhor Jesus como para aqueles que
estão espalhados na Cristandade. Devemos torná-la disponível a todos os que buscam.
Devemos estar “sempre preparados para responder com mansidão e temor” a
qualquer que nos pedir “a razão da esperança” que há em nós (1 Pe 3:15).
Paulo recebia a todos que iam a ele buscando pela verdade (At 28:30-31). Uma
figura disso está no livro de Ezequiel. Ele devia mostrar “à casa de Israel
esta casa” (Ez 43:10). Ou seja, ele devia mostrar a eles o padrão da casa
de Deus, para que pudessem ver por si mesmos essa ordem. Devemos igualmente
apresentar a verdade da Igreja para a Igreja. Todavia, precisamos estar em
comunhão com o Senhor quanto a quando e como apresentar a
verdade da reunião a alguém. Por divulgar indiscriminadamente a verdade da
assembleia a todas as pessoas com quem nos encontramos, podemos
inadvertidamente estar dando “aos cães as coisas santas” e “aos
porcos” as “pérolas” (Mt 7:6). Na Escritura o “porco” costuma
ser usado para descrever um falso professo. Uma “pérola” na Escritura
refere-se à assembleia (Mt 13:45-46). E esta verdade é de propriedade exclusiva
da Igreja.[1] A
verdade concernente à assembleia deve ser disseminada com cuidado. Que o Senhor
possa nos guiar nesta tarefa.
Uma razão pela qual
deveríamos ser cuidadosos neste assunto é que podemos acabar forçando a verdade
em alguém que ainda não esteja preparado para ela. Às vezes ficamos tão
ansiosos para dar às pessoas a verdade da assembleia que acabamos criando uma
discussão. O resultado pode ser que as pessoas acabem sendo feridas pela
verdade; e daí em diante passam a rejeitá-la sem sequer dar espaço para
consideração. W. Kelly disse: “havia suficiente avanço na verdade naquilo que o
apóstolo [Paulo] ensinava, mas ele não iria correr o risco de causar uma
divisão entre os santos em Jerusalém. Se ele ficasse indiferente à condição dos
santos, ele teria apresentado toda a verdade celestial na qual ele estava bem à
frente dos outros. Mas duas coisas devem ser consideradas na comunicação da
verdade. Não somente deve haver a certeza de que a verdade é de Deus, mas ela
deve também ser adequada àqueles a quem comunicamos. Talvez eles precisem dela,
mas não estejam em condições de recebê-la, e quanto mais preciosa a verdade,
maior o dano que, em certo sentido, é causado se for apresentada àqueles que
ainda não estão em condições de se beneficiarem dela... Esta parece ser uma das
razões pela qual, na epístola aos gálatas, o apóstolo nunca menciona essas
benditas verdades. A sabedoria dessa omissão é evidente. Tais verdades teriam
sido ininteligíveis, ou no mínimo inadequadas, para as almas na condição em que
se encontravam. Apresentá-las não faria bem algum a eles.”[2]
Veja também Marcos 4:33 e João 16:12.
Devemos nos lembrar de
que a verdade é para aqueles que a desejam (Jo 7:17); embora possamos orientar
e instruir, não é nossa tarefa tentar forçar aqueles que têm pouco ou nenhum
interesse nessas coisas. J. N. Darby disse que ele nunca tentou coagir alguém a
andar na senda que ele trilhava (estando congregado ao Nome do Senhor) que não
tivesse a fé ou convicção sobre isso.
W. T. P. Wolston advertiu: “Não empurre com um forcado[3]
seus convertidos para dentro da assembleia”. Reunir os Cristãos ao Nome do
Senhor Jesus é uma obra que Deus nunca entregou para o Seu povo fazer. Em Lucas
10:33-35 vemos que o samaritano, que é uma figura do Senhor Jesus, levou o
homem ferido à “estalagem” (uma figura da assembleia). Também lemos em
Lucas 22:10-11 de um homem “levando um cântaro de água”, o qual é uma
figura do Espírito Santo que guia os discípulos ao lugar escolhido pelo Senhor.
Isto demonstra que a obra de reunir pertence ao Senhor Jesus e ao Espírito de
Deus. Ele pode nos associar Consigo neste trabalho, mas é tudo Sua obra.
O perigo nesta área de serviço
Cristão é que existe uma tendência de servos bem intencionados acabarem se
comprometendo, ao se esforçarem em levar a verdade às pessoas. Devemos amar a
todos os filhos de Deus (Ef 1:15). Mas embora nosso amor e preocupação devam
ser dirigidos a todos os santos de Deus, nossos pés devem permanecer no caminho
da obediência à Palavra de Deus que nos exorta a permanecermos separados da
desordem existente na “grande casa” (2 Tm 2:20-21). O fato de vermos
pessoas que necessitam da verdade nas várias denominações religiosas não
significa que devemos deixar de lado nossa responsabilidade de andarmos em
obediência. Não podemos abandonar os princípios de separação a fim de alcançar
alguém. Devemos nos lembrar de que a obra toda de reunião é do Espírito.
Precisamos descansar no fato de que Deus é soberano e pode alcançar pessoas
onde quer que elas estejam. “A Palavra de Deus não está presa” (2 Tm
2:9). Mas o fato de Deus usar Sua Palavra onde Lhe aprouver (Is 55:11) não
significa que podemos ir onde quisermos a fim de levar a Palavra às pessoas.
[1] N.
do A.: W. Scott.
[2] N.
do A.: W. Kelly, “Lectures on
the Epistle to the Galatians”, pág. 39.
[3] N. do T.: O forcado ou forquilha é um instrumento utilizado na agricultura e na
jardinagem, constituído por um cabo longo de madeira, com de dois a quatro
dentes compridos na ponta, geralmente de metal, assemelhando-se a um grande garfo.
A Acusação de Sectarismo
A Acusação de Sectarismo
Não obstante, a ideia
de que Deus possui um só testemunho da verdade de um só corpo na Terra, parece
exclusivista para alguns. Mas isso não deveria parecer estranho para nós, já que
toda a revelação da fé Cristã é exclusiva. Pense em como a fé Cristã deve soar
para as outras religiões como o budismo, hinduísmo e islamismo. Elas olham para
o Cristianismo e dizem: “Então vocês Cristãos acham que são os únicos certos –
que vocês são os únicos que vão para o céu!”. Elas podem achar o Cristianismo
orgulhoso, arrogante e exclusivista – mas é a verdade de Deus. Tudo o que
podemos fazer é baixar a cabeça e humildemente agradecer a Deus pela graça que
nos guiou àqu’Ele (o Único) que é “o Caminho, e a Verdade e a Vida”; Aqu’Ele
que disse “ninguém vem ao Pai, senão por Mim” (Jo 14:6). O meio de
salvação e a vida eterna são coisas muito exclusivas. “E em nenhum outro há
salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os
homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4:12).
Outros pensam que os
congregados ao Nome do Senhor se tornaram sectários por crerem que Deus possui
um único testemunho divinamente reconhecido da verdade do “um só corpo” na Terra.
Perguntamos: Como poderiam se tornar sectários por professar estas coisas
quando elas são as mesmas que vêm sendo professadas desde a metade do século
dezenove depois que essa verdade foi recuperada? Não se trata de ideia nova. Ou
o movimento já era sectário desde aquele tempo, ou está verdadeiramente sobre o
terreno adequado à assembleia, sendo assim reconhecido por Deus. Outros fazem
uma advertência: “Cuidado com o orgulho dessa posição”. Em certo sentido eles
estão certos! O orgulho é algo terrível e realmente precisamos vigiar contra “o
orgulho da posição”. Mas estar congregado ao Nome do
Senhor não é estar num terreno sectário; aqueles que o Espírito reuniu
estão no lugar onde Cristo está no meio.
Dizem que não
deveríamos nos referir a nós mesmos e aos outros Cristãos como “nós” e “eles”,
pois agir assim não seria preservar a verdade de que somos todos “um só
corpo”. É verdade que nunca deveríamos falar no sentido orgulhoso de “sou
mais santo do que tu” (Is 65:5) ao nos referirmos aos outros, como João fez
(Mc 9:38-39), mas não é errado dizer “nós” em relação a outros crentes, pois o
próprio Senhor Jesus fez assim (Mc 9:40). De que outro modo poderíamos
distinguir entre aqueles aos quais Deus graciosamente reuniu e aqueles que não
foram reunidos? Se a graça de Deus que nos reuniu ao Nome do Senhor Jesus for
corretamente entendida em nossa alma, isto não nos faria orgulhosos – isto
imediatamente tiraria o nosso orgulho (veja Ef 3:8). Afinal, de que poderíamos
nos orgulhar? Se aqueles congregados ao Nome do Senhor são um testemunho, então
são um testemunho do fato de que todo o testemunho Cristão, do qual fazem
parte, está em ruínas!
Também é dito que é
muita pretensão e orgulho declarar que estamos no único centro de reunião que
Deus possui neste mundo. Mais uma vez, isto também pode muito bem estar
correto. Seria inconsistente com o espírito de graça Cristã declarar ou proclamar
tal coisa, tanto quanto estaria fora do caráter de um Cristão proclamar que ele
é um evangelista, pastor ou mestre, mesmo que o seja. Um Cristão não deveria
proclamar que está no lugar escolhido pelo Senhor, mesmo que possa estar
convicto em seu coração de que Deus, em graça, o colocou ali. Não se trata de
uma questão de orgulho, mas de fé.
Novos Grupos Buscando Seguir o Padrão Bíblico para Reunir
Novos Grupos Buscando Seguir o Padrão Bíblico para Reunir
A ideia de que Deus
pode ter mais de um testemunho divinamente reconhecido da verdade do “um só
corpo”, ainda que não em comunhão prática uns com os outros, incomoda
alguns. Muitas perguntas hipotéticas já foram feitas neste sentido relacionadas
a novos grupos de Cristãos que procurem congregar sobre os princípios divinos.
Este é um exemplo: “Se um grupo de Cristãos piedosos, que não conhecesse sobre os
que estão congregados ao Nome do Senhor, aprendesse algo da verdade de como
congregar e, separando-se de suas associações eclesiásticas anteriores,
começasse a se reunir simplesmente em nome do Senhor Jesus, agindo em
conformidade com tudo o que aprenderam da Escritura sobre o funcionamento da
assembleia, estariam eles divinamente congregados sobre o terreno do “um só
corpo” e teriam o Senhor em seu meio conforme Mateus 18:20?” Tem sido dito, “não
podemos limitar o Senhor de trabalhar onde Ele deseja. Se Ele decidir trabalhar
em outros lugares isso é Sua soberana escolha.”
É inegável que Deus
trabalhe independentemente dos santos congregados ao Nome do Senhor. Ele pode
exercitar as pessoas acerca da verdade de como congregar e efetivamente o faz.
Mas o fato de estarem exercitadas sobre a verdade e procurarem praticar o que
aprenderam da Palavra de Deus a esse respeito não as coloca necessariamente
sobre o terreno do “um só corpo”. Certamente concordamos que Deus deve
estar trabalhando com os Cristãos deste exemplo, pois eles receberam uma grande
parcela da verdade concernente à ordem na assembleia. Mas assumir que tal grupo
de Cristãos está automaticamente congregados ao Nome do Senhor no terreno do “um
só corpo” negligencia os princípios que qualificam uma assembleia para
isto, os quais foram mencionados nos capítulos 1 e 3. Isto é, que precisam
estar em comunhão com outras assembleias de crentes congregados da mesma forma,
com os quais possam expressar esta verdade na prática no que diz respeito à
recepção, disciplina, cartas de recomendação etc. Como poderiam eles praticar a
verdade do “um só corpo” estando reunidos por si mesmos? Como poderiam
alguns Cristãos com boas intenções que se reunissem para a adoração e o
ministério atender a todas as condições estabelecidas em Mateus 18:20?
Há quem diga que se
alguns crentes se reunirem sobre princípios bíblicos, porém sem estarem
conectados em uma comunhão prática com aqueles que já estavam congregados ao
Nome do Senhor por desconhecerem esses santos reunidos, eles estariam
divinamente congregados no terreno do “um só corpo”. Todavia, se esse
grupo ficasse sabendo daqueles congregados ao Nome do Senhor e não se ligassem
a eles em uma comunhão prática, só então eles seriam vistos como não estando
sobre o terreno do “um só corpo”, pois teriam sido testados e decidiram
não andar na verdade que professavam. Tal ideia parece fazer do conhecimento o
critério para estar congregado no terreno correto. Suponha que um grupo assim
se reunisse por 30 anos antes de entrar em contato com outros congregados sobre
os mesmos princípios, e seus membros não quisessem estar ligados a eles. Será
que poderíamos dizer que durante 30 anos eles realmente estiveram congregados
pelo Espírito ao Senhor em seu meio, porém agora, por sua recusa de estarem
conectados a outros para praticarem a verdade do “um só corpo”, o Senhor, a partir desse
fato, deixaria de estar no meio deles? Ou será que diríamos simplesmente que
eles nunca estiveram verdadeiramente congregados ao Seu Nome? Ora, se um teste
assim for necessário para podermos afirmar que um grupo está verdadeiramente
congregado pelo Espírito, então não podemos dizer que quaisquer desses
grupos estejam congregados, a menos que antes passem pelo teste do contato com
aqueles que já estão congregados ao Nome do Senhor.
Também já ouvimos
alguém comentar que o Espírito de Deus não reuniria Cristãos sobre o terreno do
“um só corpo” à parte daqueles já congregados ao Nome do Senhor em áreas
onde Deus já tivesse estabelecido um testemunho desta verdade. E também que os
crentes nessa situação que estivessem sendo exercitados pelo Espírito seriam
guiados pelo Espírito de Deus à comunhão com aqueles já congregados sobre o
terreno do “um só corpo” nessa área. Porém, em áreas remotas e em outras
regiões menos privilegiadas, como China ou Rússia, o Espírito os levaria a
formar uma comunhão onde eles estariam sobre o terreno do “um só corpo”.
Ora, se isto fosse verdadeiro, então o Espírito de Deus estaria trabalhando de
maneira contrária à Palavra de Deus, a qual diz claramente que Ele iria “reunir
em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos” (Jo 11:51-52;
Mt 18:20).
Temos certeza de que o
Espírito de Deus não trabalha de modo contrário à Palavra de Deus. Por um lado,
há quem diga que não deveríamos subestimar a graça de Deus em reunir os
Seus santos onde quer que Ele deseje, e por outro que limitamos Seu poder
de ligá-los em uma comunhão prática para que a verdade do “um só corpo”
possa ser visivelmente expressada na Terra! Esse tipo de raciocínio faz da
distância e da comunicação um obstáculo que o Espírito de Deus seria incapaz de
superar. Se existe um limite à obra do Espírito este é a Palavra de Deus, já
que o Espírito de Deus jamais irá fazer algo contrário à Sua própria Palavra.
Quando o Senhor enviou os apóstolos Ele disse: “Ide, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.
Ele também disse: “É Me dado todo o poder no céu e na Terra” (Mt 28:18-19).
Isto demonstra que o Senhor possui “todo o poder” em “todas as nações”.
A distância não é um obstáculo para Deus. Não devemos limitar o Seu poder de
operar em conformidade com os princípios de Sua Palavra quando Ele reúne os
Seus santos ao Nome do Senhor Jesus Cristo, independentemente de onde estejam.
Ele reuniu cuidadosamente os santos em uma comunhão prática no início da Igreja,
quando as viagens e as comunicações eram muito menos desenvolvidas, e Ele ainda
pode fazer isso hoje. “Haveria coisa alguma difícil ao Senhor?” (Gn
18:14). “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos Teus propósitos pode
ser impedido” (Jó 42:2). Aceitar isto exige fé de nossa parte.
Parece que o problema
com todo o questionamento hipotético, como costuma ser o caso com a maioria dos
erros eclesiásticos na Igreja, é que existe falta de fé no poder do Espírito de
reunir os Cristãos universalmente ao Nome do Senhor Jesus Cristo.
Grupos Cismáticos dos Assim Chamados “Irmãos”
Grupos Cismáticos dos Assim Chamados “Irmãos”
Todas as divisões e as
rupturas externas no testemunho Cristão tiveram um começo. Se uma pessoa está
pensando seriamente em ter comunhão com uma companhia de Cristãos que professam
cumprir os princípios da Palavra de Deus, deve perguntar quais são as origens
dessa companhia. Toda reunião de Cristãos tem uma história. W. Potter disse: “Qual
é a origem de uma determinada reunião? Por que eles estão se reunindo em separação
uns dos outros? A posição deles é bíblica?” Essas são boas perguntas a serem
feitas. A ideia equivocada de que Deus possuiria mais de uma expressão da
verdade do “um só corpo” não é nova. Desde o início dos anos 1900, havia
panfletos que propunham essa linha de coisas que circulavam por aqueles que
procuravam juntar as várias divisões entre os chamados “irmãos” em uma só
irmandade. Mais tarde, tornaram-se conhecidos como irmandade da KLC (Kelly /
Lowe / Continental), apesar de não assumirem formalmente esse título. Os que
são desta amalgamação não acreditam que exista uma expressão prática,
reconhecida divinamente, da verdade do um só corpo. Eles acreditam que a Mesa
do Senhor não poderia estar em apenas um lugar ou apenas em uma comunhão de Cristãos.
Eles acham que o Senhor está no meio de qualquer companhia Cristã, desde que se
reúnam de acordo com o padrão bíblico. Eles acreditam que Ele está no meio de
tais assembleias aprovando a existência delas, mesmo que tais companhias possam
não estar em comunhão prática umas com as outras. Algumas dessas companhias já
se separaram uns dos outros anteriormente. Ouvimos pessoalmente um líder desse
grupo dizer: “Acreditamos que você está reunido pelo Espírito ao Nome do Senhor
na base de um só corpo e tem o Senhor no meio assim como nós. É apenas que
não estamos em comunhão prática uns com os outros.” Não é difícil ver por que
eles sustentariam essa visão. Eles tiveram que acabar com a verdade do único
centro de reunião para realizar seu plano de unir os vários grupos dissidentes
entre os irmãos.
Quando essa afirmação é
testada pelos princípios da Palavra de Deus, como vimos nos capítulos
anteriores, descobrimos que simplesmente não é possível ambas as companhias estarem
no mesmo terreno e separadas uma da outra. Antes de tudo, todos os grupos de Cristãos
que entraram nessa amalgamação tinham estado em comunhão com aqueles reunidos para
o Nome do Senhor no verdadeiro terreno da Igreja, mas tiveram o seu início ao recusarem
a se submeter a uma decisão da assembleia que foi tomada no nome do Senhor
Jesus. Eles se rebelaram contra certas decisões da assembleia ao longo dos anos
e saíram do centro divino de reunião. Então, depois de ficarem em uma divisão
por algum tempo, eles tiveram a ideia de que deveriam tentar juntar grupos
semelhantes. Tendo feito isso, agora estão dizendo que estão reunidos ao Nome
do Senhor na Mesa do Senhor – assim como aqueles de quem eles saíram há muitos
anos. A única diferença, dizem eles, é que simplesmente não estamos em comunhão
prática. Perguntamos: “Como esse movimento poderia ser de Deus?”
É inconcebível pensar
que esse grupo possa estar no verdadeiro terreno da assembleia quando seu ponto
de partida está completamente errado. Como o que começou em rebelião e abandono
do terreno divino acabou se tornando no terreno divino, apenas por que houve o
passar do tempo? Poderia o Senhor sancionar com Sua presença uma companhia que
se separou dos santos reunidos em Seu Nome, cujo ponto de partida foi a recusa
em se submeter a uma ação da assembleia que Ele havia ligado no céu? Para
acomodar cada grupo que se une a essa fusão, eles tiveram que comprometer
certas verdades relacionadas à dificuldade específica que esse novo grupo
adotou ao deixar o centro divino. Uma verdade que foi comprometida, em todos os
casos, é que a Mesa do Senhor só poderia estar em um lugar – isto é, entre uma
comunhão de Cristãos.
Uma segunda coisa que
mostra que essa comunhão dos KLC não poderia estar no mesmo terreno que os da
Mesa do Senhor, a quem eles deixaram em divisão há muitos anos, é que ocasionalmente
irão receber uma pessoa que saiu ou foi afastada daqueles à mesa do Senhor.
Esta é uma negação prática da confissão de que ambas as comunhões estão no
mesmo terreno, porque (como já vimos) quando uma decisão de ligar foi tomada no
Nome do Senhor Jesus, ela deve ser aceita por todos no terreno de “um só corpo”.
Uma assembleia reunida ao nome do Senhor, recebendo uma pessoa que foi excomungada
por outra assembleia semelhante reunida no mesmo terreno, está deixando de lado
a ação do Espírito Santo em decisões de ligar e é uma negação da unidade do
corpo. Se ambos os grupos estivessem no mesmo terreno, reconheceriam as ações
um do outro. (É verdade que às vezes aconteceu o inverso – aqueles excomungados
de tais grupos foram recebidos entre os reunidos no Nome do Senhor. Mas isso
ocorre porque os santos reunidos à Mesa do Senhor não reconhecem as ações de
tais grupos como sendo ligadas no céu pela autoridade do Senhor, porque o
terreno que esses grupos tomaram em divisão é uma coisa cismática criada pelo
homem; e os santos reunidos não alegam que ambas as companhias estão no mesmo
terreno.)
Agora, se os KLC
realmente querem que as duas companhias participem juntas (como dizem), tudo o
que precisam fazer é reconhecer que tomaram um lugar de divisão deixando a Mesa
do Senhor e saíram com os grupos que rejeitaram várias decisões de assembleia
que foram tomadas ao longo dos anos. Se eles se arrependessem e retornassem ao
centro divino, tudo poderia ser curado. Então eles poderiam ter o que dizem que
desejam. Certamente, o retorno deles teria que ser individual (Is 27:12). Não
se pode pedir aos que estão reunidos em nome do Senhor que ignorem o caso desses
tristes abandonos e se juntem a esse movimento, pois, ao fazê-lo, estariam
tolerando a rebelião. “Se tu voltares, Eu te trarei outra vez, e estarás
diante de Mim; e se tirares o precioso do vil, serás como a Minha boca; voltem
para ti; mas não voltes para eles” (Jr 15:19).
Estar juntos com
certeza é um bom desejo. Todos devemos estar no mesmo terreno, mas isso não
pode ser alcançado comprometendo a verdade do único centro de reunião. Voltar
ao ponto de partida e reconhecer o erro de não se sujeitar a uma decisão da
assembleia é o único caminho de cura divino. Isso deve ser confessado; e não
apenas em uma humilhação geral sobre o estado baixo que dividiu os santos. O
princípio correto para curar todas as divisões entre o povo de Deus é o
arrependimento e o retorno ao ponto onde se afastaram.[1] O
problema é que reconhecer o erro de não se submeter às decisões da assembleia
tomadas em Nome do Senhor é humilhante demais. Todos sabemos como é difícil nos
humilhar. J. N. Darby disse que a submissão é o grande princípio de cura da
humanidade. Ele também disse que a humildade era o segredo da comunhão e
o orgulho era a causa da divisão. Em vez de voltar ao ponto de partida,
os que estão nesse movimento preferem trabalhar para reunir irmãos de vários
grupos dissidentes, com base no princípio errado da fusão e com o custo de
renunciar à verdade do único centro de reunião – a mesa do Senhor.
Está bem documentado
que J. N. Darby, C. H. Mackintosh, etc. sustentavam a verdade de uma Mesa do Senhor,
onde Cristo está no meio como o divino centro de reunião. Também há muitas
evidências para mostrar que muitos dos líderes que perpetraram essas divisões
também sustentavam a verdade da única Mesa do Senhor, mas a abandonaram assim que
saíram em divisão. Como exemplo, quando perguntaram a S. Ridout por que os
irmãos que apoiavam Grant naquela divisão apressadamente partiram o pão no dia do
Senhor logo após ele ter sido colocado fora, ele disse: “Acreditamos que em
1884 muitos de nós, antes da divisão, tínhamos o pensamento comum de que NÓS tínhamos
a mesa exclusivamente e não devíamos permitir que ela passasse em branco um
único dia. Pensamos que isso tivesse algo a ver com a pressa de partir o pão,
sem intervalo, na Craig Street, Montreal”. Alguns meses depois, ele escreveu
outra carta sobre “o que constitui ou caracteriza a Mesa do Senhor, afirmando
que nenhuma companhia pode reivindicar a posse exclusiva dela”.[2]
Aqui, o Sr. Ridout admite que eles costumavam manter a verdade da única
Mesa do Senhor, mas desde então a abandonaram.
E, novamente, uma
citação de uma publicação de Grant em 1914 diz: “Mas talvez o maior item na
coluna de crédito de nossa contabilidade, se alguém puder ser permitido comparar,
onde tudo é tão precioso e vital, é a verdade de que nenhuma companhia de
Cristãos, nem mesmo nós mesmos, pode reivindicar o monopólio da Mesa do Senhor,
ou de reunir-se no Nome do Senhor. Se essa verdade fosse conhecida trinta anos
atrás, talvez a divisão pudesse ter sido evitada.”[3] Aqui,
novamente, temos um reconhecimento de ter aceitado anteriormente a verdade de
um único centro de reunião, mas tê-la abandonado. Depois de abandonarem os
ensinamentos do único centro de reunião, chamam seu abandono de uma grande
“verdade”. Que pena ver a felicitação de si mesmo e o gloriar-se na vergonha de
outros.
Além disso, encontramos
N. Noel (um irmão conectado com essa fusão) trabalhando por muitas páginas em
sua “História dos Irmãos” – na verdade, abandonando o objetivo de seu livro de
nos contar a história – na tentativa de provar que não existe algo como a mesa
do Senhor estando em um único lugar e que não há diferença entre a mesa do
Senhor e a ceia do Senhor. Você pode ver que ele tem uma verdadeira “pulga
atrás da orelha”, enquanto tenta convencer-nos de seu argumento. Nossos
comentários sobre os dois aspectos da assembleia e a Mesa do Senhor, no
capítulo anterior, mostram claramente que J. N. Darby e outros primeiros irmãos
certamente não concordam com ele. Os irmãos anteriores foram iludidos nos
ensinamentos que possuíam e pelos quais pagaram um preço tão alto? O Sr. Darby
e outros de seu tempo estavam todos errados nesse ponto? S. Ridout, N. Noel,
etc. andavam tão intimamente com o Senhor depois da decadência no testemunho
remanescente que seu discernimento espiritual excedeu o dos irmãos anteriores?
Deveria ser óbvio que os homens anteriores tinham entendimento e discernimento
espiritual além daqueles que vieram depois deles – incluindo nós mesmos. Eles
também possuíam um dom espiritual além do conhecido por nós hoje. As verdades
fundamentais apresentadas por esses expositores não devem ser levianamente
deixadas de lado.
Agora perguntamos:
“Quem mudou a doutrina eclesiástica deles? Quem desistiu da verdade que foi tão
graciosamente recuperada aos santos por aqueles homens talentosos que Deus
levantou para esse propósito?” Aqueles que procuram sustentar as coisas
ensinadas por nossos irmãos anteriores apenas tentaram manter “o bom
depósito” da verdade (2 Tm 1:14) que foi recuperada para a Igreja. Foi-nos
transmitida por uma geração anterior de homens fiéis. É certo que foi realizado
com muita fraqueza, mas esse foi nosso grande objetivo. Lembramos a exortação
de Paulo a Timóteo sobre as coisas que ele ouvira dele. Ele deveria confiar “a
mesma” verdade aos homens fiéis que também poderiam ensinar os outros.
Enfatizamos as palavras “a mesma”, pois Paulo estava instruindo Timóteo
a ensinar aos outros “a mesma” coisa que ele havia sido ensinado por
Paulo (2 Tim. 2:2). Ele não deveria alterá-lo ao seu gosto e depois
transmiti-lo, pois se ele e outros o fizessem, a verdade que Paulo deu logo se
perderia.
O fato claro é que
esses amalgamadores tiveram que acabar com a verdade do único centro de reunião
para fazer com que os vários grupos dissidentes de irmãos seguissem sua
reunião. Não queremos ser ofensivos ou acusadores ao apontar isso, mas foi
exatamente isso que aconteceu. De fato, parece que sempre que alguém sai da
mesa do Senhor, depois acredita que a mesa não está em um só lugar.
[1] N. do A.: Agora eles fazer objeção a isso, pois nas
reuniões que levaram à sua união (mas ainda na divisão do centro de divino de
reunião), havia muita oração e humilhação. Mas e a confissão do erro em se
rebelar contra as decisões da assembleia tomadas em Nome do Senhor e sair do
centro? Parece que eles querem a cura sem verdadeiro arrependimento e
reconhecimento do que foi feito – que eles estiveram em uma companhia que saiu
do centro divino por se recusarem a se submeter a um julgamento da assembleia.
[2] N.
do A.: N. Noel, “History of the
Brethren”, vol. 1, págs. 342-343.
[3] N.
do A.: “The Gleaner”, fev 1914.
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